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Beber café traz felicidade?

Beber café traz felicidade?

4 xícaras por dia estão ligados a um risco 20% menor de depressão em mulheres, mas especialista em saúde mental recomenda cautela

Agora alguns amantes do cafezinho podem ter um motivo a mais para sorrir, ou continuar sorrindo.

Beber várias xícaras de café por dia está associado a um menor risco de depressão, segundo um novo estudo baseado apenas em mulheres. O benefício parece iniciar em duas xicaras por dia.

O estudo foi publicado na revista Archives of Internal Medicine.

“Descobrimos que as mulheres com maior ingestão de café, aquelas que consomem 20% a mais, tinham um risco 20% menor de desenvolver depressão”, diz o pesquisador Alberto Ascherio, MD, Dr PH. “As que consumiam 20% a mais bebiam o equivalente a quatro xícaras de café por dia.”

Ascherio é professor de epidemiologia e nutrição na Faculdade de Saúde Pública em Harvard e professor de medicina na Faculdade de Medicina em Harvard.

Esta conexão não foi encontrada no consumo de café descafeinado.

Ascherio enfatiza que ele encontrou uma associação, e não a causa do efeito. Depressão afeta duas vezes mais mulheres do que homens, diz ele. Cerca de 20% das mulheres dos EUA será afetada pela apatia durante sua vida.

A especialista em saúde mental, Dra. Michelle Riba, adverte que as conclusões obtidas na pesquisa devem ser vistas com cautela. “Eu não digo aos meus pacientes para beber mais cafeína com base neste estudo”, diz Michelle Riba, MD, diretora associada ao Centro de Depressão da Universidade de Michigan. Ela analisou os dados obtidos no estudo, mas não esteve envolvida no mesmo.

Cafeína e risco de depressão

Ascherio e colegas avaliaram mais de 50.000 mulheres, com idade média de 63 anos. Elas participavam de um estudo de enfermagem de longa duração.

Nenhuma delas tinha qualquer indicio de depressão no início do estudo em 1996. Todos responderam perguntas sobre seus hábitos de cafeína até junho de 2006. “As mulheres relataram o consumo de café e outras bebidas com cafeína, mais ou menos a cada quatro anos”, diz Ascherio. Eles observaram a ingestão usual nos últimos 12 meses.

As mulheres também relataram se tinham depressão clínica ou se começaram a utilizar medicação antidepressiva.

Durante o acompanhamento, 2.607 mulheres desenvolveram depressão.

No entanto, devido a maior quantidade de café que algumas mulheres bebiam, menos provável seria que estas viessem a tornar-se deprimidas. “Notamos uma conexão”, diz Ascherio.

Em comparação com as mulheres que bebiam uma xícara ou menos por semana, aquelas que bebiam de duas a três xícaras por dia tinham um risco 15% menor de depressão. Aquelas que bebiam quatro ou mais tiveram um risco 20% menor.

O que poderia explicar a ligação? Ascherio não pode dizer com certeza.

“Nós sabemos que  a cafeína chega ao cérebro. Ativando vários neurotransmissores relacionados à depressão.” Entre eles, diz ele, estão a dopamina e serotonina.

Isto acontece a curto prazo, diz ele. Como isso influencia o risco de depressão a longo prazo não é conhecido, diz ele.

Outras pesquisas encontraram uma ligação entre o consumo de café e menor risco de doença de Parkinson e diabetes, diz Ascherio.

As novas descobertas afirmam conclusões de algumas pesquisas anteriores. Ele diz que um estudo sobre o risco de suicídio sugere que este índice é menor entre aqueles que bebem mais café. Um estudo anterior realizado por outras pessoas descobriram também que homens que bebem café tinham menor risco de depressão.

Segunda opinião

Embora o estudo tenha sido bem conduzido, foi baseado em dados limitados porque é observacional, diz Riba, ex-presidente da Sociedade Americana de Psiquiatria. Os pesquisadores simplesmente observaram comportamentos, e em seguida, avaliaram qualquer associação.

“Eles não estão dizendo a causa e o efeito”, diz ela.

Com um grupo tão grande quanto o estudado por Ascherio, diz ela, as associações encontradas muitas vezes podem desaparecer quando os pesquisadores observarem grupos menores de pessoas.

“Se pudéssemos evitar que 20% das pessoas possam vir a ter depressão, seria fantástico”, diz Riba. “Temos de continuar a prestar atenção e realizar novas pesquisas.”

Enquanto isso, ela alerta as pessoas com distúrbios de humor para procurar assistência médica.

Em uma nota do editor, da revista, Seth A. Berkowitz, MD,  escreve: “Este estudo faz uma contribuição importante, pois é, a meu conhecimento, o primeiro grande estudo,  com o intuito de avaliar o consumo de café e os resultados de saúde mental em mulheres .”

Ele observa que outros estudos não encontraram efeitos consideráveis da cafeína sobre a inflamação, nenhum efeito global sobre doença cardíaca, e talvez modesta proteção contra alguns tipos de câncer.

No entanto, ele acrescenta que parece prematuro recomendar o consumo de café até que novas pesquisas sejam realizadas sobre as causas e os efeitos do mesmo.

O estudo foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde e a Aliança Nacional para a Pesquisa sobre Esquizofrenia e Depressão dos EUAS.

Texto traduzido do inglês. Artigo original escrito por Kathleen Doheny

Saty Jardim:

O texto acima é de inteira responsabilidade de Saty Jardim, não expressando necessariamente a opinião do Portal do Rancho.

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