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As Flores da Oma: As Belezas do Jardim Alemão

As Flores da Oma: As Belezas do Jardim Alemão

Você já reparou como as cidades que foram colonizadas pelos alemães sempre têm casas com jardins floridos? Também as vias públicas geralmente são margeadas por uma diversidade de flores que vão colorindo o nosso trajeto. As praças dessas cidades sempre são acolhedoras, com canteiros de plantas, onde numa profusão de cores, são atraídas as abelhas e borboletas.

A tradição dos jardins é um hábito herdado da cultura alemã. Na Alemanha,a pratica da jardinagem é denominada pela expressão Gemütlichkeit, que significa, literalmente, o aconchego do lar. E existe alguma coisa mais aconchegante do que uma casa com um jardim bem cuidado e florido?

A Arte da Jardinagem: As Plantas da Oma

Trabalhar com plantas e no jardim é terapêutico! Desde os séculos XVIII e XIX, observou-se que pacientes psiquiátricos melhoravam quando se envolviam em atividades de jardinagem em sentido amplo (cortar lenha, preparar o fogo, carpir ou realizar atividades domésticas). O contrário, ou seja, se manter inativo, piorava a saúde física e mental dos doentes.

Quem não se lembra dos jardins da casa das nossas avós, cheio de canteiros e plantas floridas? Os jardins das Omas – como são chamadas as matriarcas alemãs, lembram e muito os jardins europeus com sua miscelânea de plantas de várias espécies e todas convivendo em perfeita harmonia. Ademais, o jardim da Oma sempre tinha uma função além de estético: nessa mistura de plantas ornamentais eram também cultivadas plantas medicinais, indispensáveis para o preparo de xaropes, emplastros e chás. Outra característica era a presença de pequenas plantas frutíferas, em perfeita harmonia com as flores.

Assim, podemos imaginar as casas da Oma com jardins caracterizados pela diversidade de plantas tanto ornamentais, quanto medicinais e alimentícias. E o jardim se estendia pela casa! Nas janelas, floreiras coloridas com gerânios e petúnias, principalmente; nas varandas, vasos com folhagens e flores mais delicadas. Nem a sala escapava, onde em cantoneiras apareciam as prímulas e as violetas; do teto, pendiam frondosas samambaias.

O Jardim da Oma e as Plantas Raras

Cada vez mais esses jardins das avós alemãs vão ficando no imaginário da gente. Os pátios das casas, antes floridos, cedem espaço à pedra britada e às culturas de grandes redes varejistas e plantas, seguido o modismo de arquitetos e paisagistas que ditam tendências. A figura da Oma em seu quintal, cuidando com orgulho da sua miscelânea de plantas vai se apagando. E com isso, a frieza dos jardins, antes um espaço cheio de afetividade e que agora não passa de um espaço moderno, reproduzido em série e impessoal.

Contudo, em algumas cidades do interior, ainda podemos localizar certas preciosidades, principalmente em cidades de origem alemã. Em Santa Catarina, por exemplo, na região de Blumenau temos quase que intactos alguns jardins de Oma. Na Grande Florianópolis, as cidades de Águas Mornas, Angelina, Rancho Queimado e São Pedro de Alcântara nos surpreendem com suas paisagens bucólicas de montanhas, salpicadas com jardins alemães.

Mesmo assim, para àqueles que ainda se aventuram na arte da jardinagem, é recorrente a dificuldade de se conseguir certas mudas de plantas, como outrora as Omas faziam, quando trocavam bulbos de dálias, mudas de funcionárias ou sementes de zínias e cristas de galo. Quais são as flores que fazem você se lembrar do jardim da Oma?

Garimpo de Plantas | Murilo Soares

A seguir, apresento algumas flores que faziam parte da minha infância. Sempre estavam nos jardins de Omas que visitava quando criança.

1. Dália: simples ou repolhudas; unicolores ou mescladas

Essas participavam de uma competição de qual era a maior flor, a mais repolhuda, ou a de cor mais diferente, mescladas ou em degradeés de tirar o fôlego. E a cada ano que passava, o arbusto crescia e ficava mais florido. Essas plantas se perderam bastante nos jardins atuais, pois as pessoas querem plantas bonitas o ano todo, e as dálias são plantas de ciclo. Elas ficam lindas, depois ficam feias, antes de ficarem lindas novamente. Nos ensinam sobre o ciclo da vida. Saiba mais […]

2. Crista-de-galo: esculturas de plumas em formato de flor

As celósias, plumas ou cristas-de-galo parecem saídas de contos de fadas ou de uma confeitaria criativa. Como suspiros coloridos ou cérebros, e a textura toda aveludada, chamam a atenção com suas cores fortes, de vinho, vermelho, amarelo, laranja e até branco. Saiba mais […]

3. Funcionária: uma explosão de cores; as flores trabalhadoras

Diziam para mim que as funcionárias eram flores que levavam esse nome porque eles emprestavam seu colorido para o dia, abrindo suas flores assim que os primeiros raios do sol surgiam. Ao entardecer, suas pétalas se encolhiam até o dia seguinte. Uma metáfora ao trabalhador, que também tem sua jornada de trabalho diária. Essas flores sempre eram utilizadas para contornar canteiros e percursos pelo jardim. Em tons de laranja, amarelo e vermelho. Saiba mais […] 

4. Gérbera: a flor da pureza e da inocência

Essa flor é cada vez mais rara nos jardins. Com cores vibrantes e encantadoras, as gérberas são muito conhecidas hoje em arranjos e decorações. Elas também são conhecidas como as flores da pureza e inocência, além de serem também símbolo do amor e da sensualidade. Quando se tem gérberas no jardim é possível ter floração o ano inteiro, um colorido espetacular que não pode ficar de fora do seu conjunto de plantas. Saiba mais […]

5. Onze horas: as flores na hora certa

Quem diria que elas estavam no jardim de propósito? As onze-horas, singelas ou dobradas, apareciam em qualquer cantinho, vasinho ou fenda do piso ou muro. E eram tão especiais. Abriam-se pontualmente nas horas de sol mais quente, entre as 10 e 15 horas, para depois murcharem. São flores duram apenas umas horas, mas vem em profusão dia após dia, com um colorido vibrante, emolduradas com caules avermelhados e folhas suculentas. Saiba mais […]

6. Zínia: flores e um balé de borboletas

Também conhecida como “moça-e-velha”, “canela-de-velho” ou “capitão”, essa florzinha de diferentes cores é um clássico no jardim da vovó. As borboletas adoram as flores multicoloridas dela. Brancas, cremes, amarelas, salmão, alaranjadas, vermelhas, cor de rosa, lilás, roxo e até bi-colores, podem ficar baixinhas ou com quase um metro de altura servindo estas últimas como flores de corte, que se destacam pela durabilidade. Saiba mais […]

Muitas outras flores podem ser incorporadas na lista. Mais que apenas relembrar, a intenção aqui é compartilhar as memórias da nossa infância, do tempo na casa da vovó, antes que se deem por totalmente perdidos esses momentos. E que tal se na próxima vez que você trabalhar no seu jardim pensar em plantar uma dessas flores tão amáveis que nos fazem lembrar do jardim da Oma? Vai ter gosto e cheiro de infância; sabor de saudade com uma pitada de poesia. É isso!

Jonei Bauer:

O texto acima é de inteira responsabilidade de Jonei Bauer, não expressando necessariamente a opinião do Portal do Rancho.

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